Os Descendentes de Abraão

06/06/2015 12:48

 

 

 

 
 

            No livro de Gênesis 21.16-20, quando Hagar estava no deserto com seu filho Ismael, ela rogou a Deus que não deixasse o seu filho morrer de sede. Deus fez a promessa que seu filho seria abençoado. Conforme o relato bíblico, o anjo do Senhor após falar com Hagar fez jorrar água de um poço. Para os muçulmanos chamam este poço até hoje de Zamzam. Este poço estava situado no Vale de Becca, hoje conhecida cidade sagrada de Meca.

            Quando Abraão foi visitar Ismael, o Alcorão diz que Deus mostrou onde estava exatamente o lado próximo ao poço Zamzam, onde ele e Ismael deveriam construir um santuário. Então, eles construíram este santuário. Neste lugar estava uma grande pedra chamada Kaaba (casa de Deus). Este objeto em lugar considerado santo, é interpretado que foi entregue por um anjo. Um dos ditos do profeta faz a seguinte menção: “Esta, descende do paraíso e era, tão branco como o leite, mas os pecados dos filhos de Adão a fizeram preta”.(Tir. VII,49).

            Depois que foi construída a casa, Deus deu ordem a Abraão que decretasse um ritual de peregrinação para Becca, chamada posteriormente de Meca (Alcorão 22.26-27). Hagar falou com Abraão que parte deste rito deveria levar os peregrinos a rodearem a pedra sete vezes simbolizando o que teria acontecido com ela quando Ismael estava com sede.  Conforme as leis estabelecidas para Abraão e Ismael, os ritos até Becca continuaram por muito tempo, até mesmo os descendentes de Isaque veneravam a Kaaba, como templo sagrado levantado por Abraão.

            Os tempos se passaram e a pureza da adoração deu lugar a profanação. Os descendentes de Ismael se contaminaram com as tribos pagãs vizinhas, levando para a Kaaba suas imagens, tornando a peregrinação à Meca veneração de ídolos. Dizem que tudo teria começado por uma mulher da tribo jurumitas do Iêmen. Os descendentes de Abraão toleraram o controle da tribo que ficou com a custódia de Meca, pois a segunda esposa de Ismael teria sido desta tribo.

            Mas surge no cenário, no século IV d.C., pessoas que lutaram pela restauração da fé abraâmica, estes seriam da tribo Qurayshi. Eles se tornaram guardiães da Kaaba para preservar a imagem de Hagar e Ismael, que teriam suas tumbas próximas e também a adoração de um único Deus. 

            Qurayshi é uma tribo descendente de Abraão. Desta tribo nasce Abu-Talib, depois Adbdallah, seu filho. Estes continuam com a função de preservar a peregrinação e não permitir que houvesse adoração de ídolos. A Kaaba era o templo maior e existiram outros templos menores na península arábica. Os mais importantes deles ficavam em Hijaz, eram os templos das três filhas de deus: Al-Lat, Al-Uzzah e Manat.

            Um homem chamado Waraqah, filho do tio de Abdallah, tornou-se cristão. Existia uma crença entre os cristãos destas partes da Arábia na vinda de um profeta eminente. Esta crença não foi difundida largamente, mas dois dignitários da igreja do oriente mantiveram esta crença, com eles também astrólogos e adivinhos.

            Assim como os judeus aguardavam a vinda do messias, e este deveria ser judeu, árabes cristãos concordavam que viria alguém para trazer a adoração a um único Deus, e este profeta seria árabe. Esta crença se desenvolveu muito entre eles, até a chegada de Mohammed, considerado descendente de Abraão, através das tribos ismaelitas. Essa descendência assume a postura ideológica entre as tribos árabes de que eles teriam por obrigação ter um profeta de renome.